sábado, 7 de janeiro de 2012


Arrependimento - Olegário Mariano


Deste amor torturado e sem ventura
Resta-me o alívio do arrependimento.
O pouco me deste de ternura
Não vale o que te dei de encantamento.

Abri para o teu sonho o firmamento,
Semeei de estrelas tua noite escura.
Dei-te alma, exaltação e sentimento.
Fiz de um bloco de pedra uma criatura.

Hoje, ambos à mercê de sorte avessa,
Se para te esquecer luto e me esforço,
Manda-me o coração que não te esqueça.
Padecemos idêntico suplício:

Tu - corroída de pena e de remorso,
Eu - com vergonha do meu sacrifício.